Problemas Encontrados na Rua...
Estudo de caso (Dilema Duplo) Resposta a José (nome fictício)
Caro José, gostaria de poder ajudá-lo, mas bem sabe que ninguém pode decidir por si qual das mulheres que diz amar, ama realmente.
É certo que o dilema reside justamente na sua convicção de amar as duas.
“É possível que estar dividido seja para si a única maneira de estar inteiro”. Mas, talvez devesse questionar-se sobre se realmente amará alguma delas.
Na verdade, nada leva a crer que o conceito de monogamia existisse nas sociedades primitivas. Ao contrário, tudo indica que este conceito é uma mera questão cultural. A cultura da poligamia ainda hoje prevalece em alguns lugares do mundo, aparentemente sem conflitos entre os parceiros.
Mas, Rosana Braga, uma consultora especialista em relacionamentos, investigou exaustivamente sobre a sexualidade e a cultura nos haréns. E obteve de um Skeik uma revelação interessante. Admitindo sentir um grande carinho por todas as suas mulheres, o Sheik confessou que o seu coração batia mais forte somente por uma delas.
Então, mesmo com a mente liberta dos preconceitos em que se pressupõe assentar a cultura monogâmica da actualidade, é caso para pensar se o coração não será naturalmente predisposto a essa qualidade de amor “exclusivo,” constante em todas expressões artísticas que dão testemunho da evolução das civilizações(?)
Seja qual for a verdadeira natureza do coração humano, caro José, na nossa cultura, o comportamento poligâmico vai contra as convenções sociais. Os cânones estabelecidos apelam ao prazer sexual na exclusividade, o que pressupõe uma confiança mútua, que pode estabelecer cumplicidade entre um casal. Mas, se essa confiança é atraiçoada, o desapontamento pode desencadear uma guerra em que, insultos, acusações, humilhação e abandono são os campos de batalha a enfrentar.
A mentira e o sentimento de culpa também são causas de perturbação aguda, separam-nos do ser supostamente amado e de nós mesmos…. não é, pois, surpreendente que o José tenha caído nessa zona de conflito alarmante que a Psicologia designa por “dilema duplo”, ou seja, no que quer que o José faça, perderá alguma coisa.
Porém, em qualquer peça de teatro, quando o conflito atinge o clímax, é sinal de que nos encontramos já muito perto da resolução. E parece que no teatro da vida real as coisas não se passam de maneira muito diferente.
Talvez a diferença esteja apenas em que, numa peça de teatro existe um “timing” previsto para a dramatização, e, na vida real, o conflito pode arrastar-se enquanto o protagonista, neste caso o José, se puder manter à tona dele, paralisado nas suas defesas diante da culpa e do medo de enfrentar as perdas.
Deixou claro que a timidez excessiva não lhe permitia viver as paixões adolescentes e admitiu que, depois de a ter superado, iniciou uma fase de conquistas e namoros aos quais nunca conseguiu ser fiel.
O próprio José concluiu que esse padrão de comportamento parece manter-se… José, eu penso que a sedução pode ser uma componente forte na construção da autoestima. Ocorre-me a possibilidade de a inquietação do passado, com os seus registos de solidão, rejeição, abandono, desamparo e fragilidade do ego, se constituir ainda em ameaça à sua autoestima..
O poder de sedução é como que uma casa onde se entra com segurança, mas não deve esquecer que, mesmo assim, há sempre a possibilidade de vir a encontrar um esqueleto no armário. O esqueleto pode ser a fuga ao facto de usar compulsivamente a sua sedução como proteção inconsciente da autoestima.
Quantas mais mulheres você seduzir, maior será o reforço de proteção...A ser assim, há, de fato, a possibilidade do amor que julga sentir por essas duas mulheres não ser senão um ardil para encapsular o trauma.
Se for o caso, o mais provável é que, ao descartar-se de uma das suas namoradas, perca também o interesse pela outra….a menos que uma terceira venha imediatamente a palco para a compensação do elenco.
Estudo de caso (Dilema Duplo) Resposta a José (nome fictício)
Caro José, gostaria de poder ajudá-lo, mas bem sabe que ninguém pode decidir por si qual das mulheres que diz amar, ama realmente.
É certo que o dilema reside justamente na sua convicção de amar as duas.
“É possível que estar dividido seja para si a única maneira de estar inteiro”. Mas, talvez devesse questionar-se sobre se realmente amará alguma delas.
Na verdade, nada leva a crer que o conceito de monogamia existisse nas sociedades primitivas. Ao contrário, tudo indica que este conceito é uma mera questão cultural. A cultura da poligamia ainda hoje prevalece em alguns lugares do mundo, aparentemente sem conflitos entre os parceiros.
Mas, Rosana Braga, uma consultora especialista em relacionamentos, investigou exaustivamente sobre a sexualidade e a cultura nos haréns. E obteve de um Skeik uma revelação interessante. Admitindo sentir um grande carinho por todas as suas mulheres, o Sheik confessou que o seu coração batia mais forte somente por uma delas.
Então, mesmo com a mente liberta dos preconceitos em que se pressupõe assentar a cultura monogâmica da actualidade, é caso para pensar se o coração não será naturalmente predisposto a essa qualidade de amor “exclusivo,” constante em todas expressões artísticas que dão testemunho da evolução das civilizações(?)
Seja qual for a verdadeira natureza do coração humano, caro José, na nossa cultura, o comportamento poligâmico vai contra as convenções sociais. Os cânones estabelecidos apelam ao prazer sexual na exclusividade, o que pressupõe uma confiança mútua, que pode estabelecer cumplicidade entre um casal. Mas, se essa confiança é atraiçoada, o desapontamento pode desencadear uma guerra em que, insultos, acusações, humilhação e abandono são os campos de batalha a enfrentar.
A mentira e o sentimento de culpa também são causas de perturbação aguda, separam-nos do ser supostamente amado e de nós mesmos…. não é, pois, surpreendente que o José tenha caído nessa zona de conflito alarmante que a Psicologia designa por “dilema duplo”, ou seja, no que quer que o José faça, perderá alguma coisa.
Porém, em qualquer peça de teatro, quando o conflito atinge o clímax, é sinal de que nos encontramos já muito perto da resolução. E parece que no teatro da vida real as coisas não se passam de maneira muito diferente.
Talvez a diferença esteja apenas em que, numa peça de teatro existe um “timing” previsto para a dramatização, e, na vida real, o conflito pode arrastar-se enquanto o protagonista, neste caso o José, se puder manter à tona dele, paralisado nas suas defesas diante da culpa e do medo de enfrentar as perdas.
Deixou claro que a timidez excessiva não lhe permitia viver as paixões adolescentes e admitiu que, depois de a ter superado, iniciou uma fase de conquistas e namoros aos quais nunca conseguiu ser fiel.
O próprio José concluiu que esse padrão de comportamento parece manter-se… José, eu penso que a sedução pode ser uma componente forte na construção da autoestima. Ocorre-me a possibilidade de a inquietação do passado, com os seus registos de solidão, rejeição, abandono, desamparo e fragilidade do ego, se constituir ainda em ameaça à sua autoestima..
O poder de sedução é como que uma casa onde se entra com segurança, mas não deve esquecer que, mesmo assim, há sempre a possibilidade de vir a encontrar um esqueleto no armário. O esqueleto pode ser a fuga ao facto de usar compulsivamente a sua sedução como proteção inconsciente da autoestima.
Quantas mais mulheres você seduzir, maior será o reforço de proteção...A ser assim, há, de fato, a possibilidade do amor que julga sentir por essas duas mulheres não ser senão um ardil para encapsular o trauma.
Se for o caso, o mais provável é que, ao descartar-se de uma das suas namoradas, perca também o interesse pela outra….a menos que uma terceira venha imediatamente a palco para a compensação do elenco.
Desejo-lhe um desenlace com o mínimo de mortos e feridos sobre o palco e um aplauso à sua coragem para informar todos os protagonistas sobre os seus verdadeiros papeis no enredo…
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