
Desconcertam-me as paredes, as portas, as janelas fechadas.
Sombras
de uma dor conquistada, que se revelam
sem que o sol desapareça.
Divisão vertical sobre a terra, poeira
lameliforme que se lança
compacta sobre os olhos naturais e belos. Selvagens e burlescas
são as portas, as paredes, as janelas fechadas. dominós alexandrinos
tudo escondem
e o que há de mais sublimemente interior não é provado, fica o desejo
do beijo e a boca
que morde o nada.
Em si mesmas, no verão, as paredes são zimbro que arrefece e gela
as rosáceas que emergem dos vitrais; no coração, toda a ternura emancipada,
urgente
recolhe ao seu alvéolo.
Ao íntimo dos ossos
chegam as portas inamovíveis, duram
na velocidade dos pés que pretendem descalços entrar
na ternura da terra pronta.
Eu sou um mal menor. As paredes, as portas, as janelas fechadas
são uma alucinação tricórnia e compacta. Crescem
entre a giesta e o amor. Despedaçam a cal, sua pureza.
Invadem-me, a natureza da madeira, o odor das tintas, a propriedade
das barras, a constituição do cimento, o domínio das pedras
sobre pedras. Doem-me
a obstinação dos batentes, o temperamento
das dobradiças, a personalidade das fechaduras, a essência
dos frisos de argamassa, a taipa.
Arde-me a pompa dos umbrais.
As paredes, as portas, as janelas fechadas avançam, rectilíneas, deslizam
na confusão ingénua dos cabelos, na curva atordoada do pescoço, erguem-se
na súbita contrição da pele, devoram-me
o coração e os olhos.
Não vejo o sol. não vejo o sol. não vejo o sol.
Não sinto a chuva. tão cedo
não torno às árvores nem aos frutos nem às aves nem
à desassossegada intenção do amor.
As paredes, as portas, as janelas fechadas, são uma convenção ignóbil, uma indecência. Que um cão sem nome leve consigo a casa aberta, devore o saibro, a taipa, a cal, o vento que não devolve as coisas
ao seu lugar antigo.
Se os olhos podem ver a sua cor
na pupila luminosa
além do olhar humano, não fique esta vontade desassombrada crescendo, crescendo sobre as densas paredes, sobre as portas, sobre as janelas fechadas. Incerteza
Sombras
de uma dor conquistada, que se revelam
sem que o sol desapareça.
Divisão vertical sobre a terra, poeira
lameliforme que se lança
compacta sobre os olhos naturais e belos. Selvagens e burlescas
são as portas, as paredes, as janelas fechadas. dominós alexandrinos
tudo escondem
e o que há de mais sublimemente interior não é provado, fica o desejo
do beijo e a boca
que morde o nada.
Em si mesmas, no verão, as paredes são zimbro que arrefece e gela
as rosáceas que emergem dos vitrais; no coração, toda a ternura emancipada,
urgente
recolhe ao seu alvéolo.
Ao íntimo dos ossos
chegam as portas inamovíveis, duram
na velocidade dos pés que pretendem descalços entrar
na ternura da terra pronta.
Eu sou um mal menor. As paredes, as portas, as janelas fechadas
são uma alucinação tricórnia e compacta. Crescem
entre a giesta e o amor. Despedaçam a cal, sua pureza.
Invadem-me, a natureza da madeira, o odor das tintas, a propriedade
das barras, a constituição do cimento, o domínio das pedras
sobre pedras. Doem-me
a obstinação dos batentes, o temperamento
das dobradiças, a personalidade das fechaduras, a essência
dos frisos de argamassa, a taipa.
Arde-me a pompa dos umbrais.
As paredes, as portas, as janelas fechadas avançam, rectilíneas, deslizam
na confusão ingénua dos cabelos, na curva atordoada do pescoço, erguem-se
na súbita contrição da pele, devoram-me
o coração e os olhos.
Não vejo o sol. não vejo o sol. não vejo o sol.
Não sinto a chuva. tão cedo
não torno às árvores nem aos frutos nem às aves nem
à desassossegada intenção do amor.
As paredes, as portas, as janelas fechadas, são uma convenção ignóbil, uma indecência. Que um cão sem nome leve consigo a casa aberta, devore o saibro, a taipa, a cal, o vento que não devolve as coisas
ao seu lugar antigo.
Se os olhos podem ver a sua cor
na pupila luminosa
além do olhar humano, não fique esta vontade desassombrada crescendo, crescendo sobre as densas paredes, sobre as portas, sobre as janelas fechadas. Incerteza
Lindo.
ResponderEliminarGosto muito desta linguagem, este atirar de pedras entre a planicie e o mar.
ResponderEliminarBjo.